domingo, 27 de novembro de 2011

Em 1994, no ano em que moramos em Guarapuava, minha mãe e meu irmão mais novo trouxeram uma gata para casa. Batizada de Mitch. Ou Mitchó. Ou Titchó. Ou Tió. Ou Gato (no masculino assim mesmo). Ela atendia por qualquer nome que a chamassem, parecia.

Eu tinha 15 anos, foi o ano do meu primeiro beijo, o ano em que 4 Non Blondes estourou nas rádios com What's Up e o ano que meu pai se aposentou, acabando com as mudanças de cidade que eram mais ou menos comuns até então.

Nesse ano, recebemos a visita do Tio Lalau, de Londrina, irmão da minha mãe... do meu irmão mais velho, que já morava em Maringá... da minha tia-avó de Curitiba...

Foi o ano da mudança de moeda, eu lembro que estava em Curitiba com minha mãe e ela foi ao banco trocar os vários milhares de Cruzeiros da carteira. Trocou por 26 reais e 17 centavos PENSA.

De Guarapuava, mudamos para Maringá. Minha avó, que morava conosco, morreu em fevereiro de 1997. Pouco tempo depois, veio o meu outing semi-obrigatório, quando descobriram correspondências que eu tinha com um "amigo especial" de Curitiba (um beijo para você, Marcelo Luís *-*). Houve muito choro, muita culpa, muita acusação, muita coisa que merece um post só sobre o assunto, enfim.

Meu irmão mais velho se casou no mesmo ano, em setembro. Um mês depois, fizemos a última mudança enquanto família, de uma casa enorme no Cidade Nova para um apartamento modesto na Zona 7.

Em 2007 morreu o Tio Lalau, que havia nos visitado em Guarapuava em 94. Meu irmão mais novo saiu de casa. Em 2009 eu saí de casa e fui morar numa kitchenette.

Em 2010 me mudo de Maringá para cá; meus pais se separam no mesmo ano.

E em casa ficam apenas minha mãe, a Mitch e um segundo gato, que tinha sido abandonado na porta do meu trabalho em 2008 e eu morri de dó de deixar o pequenino à sorte.

E hoje, pouco antes do meio-dia, Mitch, a gata, se foi. Com quase 18 anos, finalmente descansou. Já estava sem dentes e meio cega, ficava vários dias sem comer e não pesava nem 2kg. Seus ossinhos e articulações já eram cansados demais. Ama nemes harcot megharcoltam...

Ela viu tudo o que aconteceu com nossa família. Uma companhia silenciosa e constante, 18 anos sendo o sétimo membro da família.

Pensei muito em minha mãe. Sem os filhos em casa, sem o ex-marido. E agora sem a Tió.

[Não, não vou chorar.]

[Tarde demais.]

5 comentários:

  1. Desculpa, depois de What's Up foi difícil ler o texto.
    Mas hey, tempo passa, causa danos mas também nos recompõe.
    No fim, acho que vai ficar tudo bem. Pra todos nós.

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  2. Parace que combinamos os posts... eu posto coisas alegres e vc tbm, eu posto coisas tristes e vc tbm. De algum modo acho isso maravilhoso, me faz pensar que não sou a unica a me sentir assim ou assado.

    Espero que sua mãe ache uma outra gatinha pra dar amor e carinho, pra recomeçar. =D

    Ps. Levei um basta susto ontem, postei no blog, mas ainda bem, não aconteceu o pior...

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  3. What's Up, até hoje, é genial, Tai. Soube depois de um tempo que quando 4 Non Blondes fez sucesso, a vocalista já era morta há quase um ano, olha só...

    Babi, conversei muito com meu irmão mais novo e minha mãe ontem... por mais que a gente pense que era apenas um gato, foram 18 anos fazendo companhia... e esses bichinhos SABEM quando a gente precisa de colo, eles ficam cercando a gente, como se perguntassem "o que foi? o que aconteceu? fique bem, eu preciso de você, por favor fique bem"... enfim, ainda ficou o Miguel, outro viralatinha que levei pra casa há três anos... ele há de fazer companhia a minha mãe por muito tempo ainda...

    Beijos, minhas flores.

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  4. ai desatei no choro com toda essa cronologia e acontecimentos. Lembro sempre de vc falar da gatinha que já estava bem idosa, mas ainda estava lá. Tô sensível hoje, tô na TPM, ou sei lá.

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  5. O mais triste foi minha mãe descrevendo os últimos momentos da Tió... bem, prefiro pensar que a morte foi um descanso para a bichinha, que já sentia dores se a pegassem no colo, não conseguia subir mais nos lugares, toda cheia de reumatismo, pobrezinha...

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