quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sobre a composição dos relacionamentos

Existe toda uma cultura romântica, inaugurada na primeira metade do século 19, imputando a ideia de que o amor é o componente principal dos relacionamentos. Maldita Rainha Vitória que inventou de alardear que se casou por amor e não por conveniência. Maldita e mentirosa, porque todos sabemos que casamentos da realeza são sim acordos diplomáticos. Enfim.

Porém, tenho cá comigo, após diversas experiências de relacionamentos, que há algo mais valioso do que o amor. Aliás, nem vou entrar no mérito da discussão sobre o que é amor, renderia algumas dezenas de posts e comentários inconclusivos. Para a finalidade deste texto, pensemos no amor como um sentimento de gostar de estar com outra pessoa, vê-la, ouvi-la, rir e chorar junto com ela.

Pois bem, o que seria então mais importante que o tal amor?

Recapitulei, nos últimos dias, o que me manteve nos nove relacionamentos (quatro deles duraram mais de um ano) que tive e percebi o seguinte: sempre tive, pelo menos durante o namoro, profunda admiração pelo outro. Admiração sim eu me atrevo a definir: é aquele sentimento de olhar o outro e as coisas que faz/fez, diz, pensa e sente com aquela inveja boa, aquele desejo de ter para si o que o outro tem. De ser mais parecido com o outro.

Admirei muitas coisas nesses relacionamentos que tive: a determinação do outro em sair de um meio rural (tive um namorado que trabalhou em lavoura quando era adolescente e hoje é doutor pela UFPR), a paciência e a tranquilidade para solucionar qualquer problema sem precisar levantar a voz (namorei um cara que eu nunca ouvi gritar em mais de um ano e meio de relacionamento), a capacidade de se levantar após tragédias pessoais (um ex-namorado meu lutava pela sobrevivência financeira e emocional após a falência da família e a morte do pai, ocorridas praticamente na mesma época). Admirei a estabilidade financeira de um ex-namorado, na época eu me sentia um mercenário, desejando usufruir dos bens e benefícios do outro, mas no final das contas, a estabilidade era parte dele e da vida que ele levava, não é? Se é para amar alguém, amemos também suas posses.

E da mesma forma que a admiração me manteve nesses relacionamentos, quando acabou a admiração, acabou o namoro. O amor, por outro lado, permaneceu por muito tempo. Ouso dizer que, pelo menos dois ex-namorados, eu ainda amo. Admiro ainda, de certa forma, mas já sem o desejo de ter para mim ou de aprender um pouco mais sobre como ser semelhante ao outro. Desejo compartilhar sentimentos, rir e chorar junto, dizer palavras de apoio e conforto quando estão passando por dificuldades. Mas a admiração devotada, essa já se perdeu pelo caminho.

E então termino este texto com o seguinte questionamento anti-vitoriano: amor basta?

6 comentários:

  1. nunca bastou, acho que além dessa admiração que você colocou, que eu nem tinha parado para perceber antes, acho que de nada adiantar todo aquele amor e tals se não rolar amizade forte junto.

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  2. Que texto hem Jux... hehehe
    Me identifiquei pra kra...lho rs
    Então, eu tenho exatamente esse pensamento, amor pra mim é sinônimo de admiração, e os fins dos meus relacionamentos se basearam sempre nisso, acabava admiração = acabava namoro.
    E o sentimento que me move a ficar num relacionamento é justamente tudo isso que vc falou, afinal como diria "Los Hermanos" (os do Zoológico: "...Se a gente já não sabe mais rir um do outro meu bem, então o que resta é chorar..."
    A questão da "inveja boa" eu falo isso direto, pra ele, e eu o admiro de mais...

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  3. Amor = amizade, companheirismo, fidelidade e respeito. Na falta de qq um desses, acabou amor.

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  4. “O que é o Amor se não outro nome para reforçamento positivo?” Skinner

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  5. Voltei! Saudades de ler por aqui! rs Lindo texto e até engraçado, pois ei e menina Mialle estávamos debatendo esse assunto dia desses.

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  6. eu num sei. eu só acho que o amor é supervalorizado. existem outros sentimentos muito bacanas a se cultivar em um relacionamento.

    enfim.

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