segunda-feira, 28 de maio de 2012

Sentimentos são só sentimentos

Daqui alguns dias fará 12 anos que conheci a pessoa com quem mantive o mais longo relacionamento da minha vida. Quase metade desses 12 anos eu passei com ele e gente: isso é muito tempo. É e não é, parece que que os cinco anos de namoro passaram em o que, uma semana? Sim, muito rápido.

O interessante é que de todos esses anos que passamos juntos, as memórias estão cada vez mais... Apagadas? Não, não exatamente apagadas. Mas é como se todo esse tempo se resumisse a flashes de imagens e uma porção de auto-regras (perdoem-me pelo termo em psicologiquês, faltou expressão mais apropriada) sobre a pessoa.

Quando paro pra pensar nesse fulano, me surgem frases (as tais auto-regras) na cabeça como "aprendemos muito juntos", "ele me ensinou a ter mais iniciativa", "ele me traiu inúmeras vezes e eu perdoei todas". Mas, de fato, as imagens dessa história se perderam. Bem como os sentimentos agregados. Não consigo sentir o que eu senti na época.

Engraçado como nós costumamos dar tanto valor a sentimentos e imagens, enquanto a experiência nos mostra que estas são as coisas que menos perduram. Somos sim animais racionais, afinal de contas.

Vão-se os sentimentos/sensações/percepções, ficam-se os pensamentos.

6 comentários:

  1. engraçado é ir esquecendo aos poucos a voz, o cheiro, o rosto... vai tudo indo embora e quando você percebe quiçá esqueceu o nome.

    ResponderExcluir
  2. tem as coisas que vc jura que nunca mais vai esquecer, vou lembrar desse momento pra sempre e tals. nossa que que era mesmo?

    ResponderExcluir
  3. Engraçado como você consegue descrever bem a experiência de um usuário de um cérebro.

    O cérebro, como temos tocado neste conhecimento da região da memória, guarda tudo, mas só nos permite tocar certas regiões da memória.

    Guarda tudo, mas evita nos dar todas as informações ao mesmo tempo.

    Imaginem se a nossa vida não fosse resumida in-real-time pelo nosso scumbag brain.

    Vim aqui pelo tweet da Mel @Pseudocoisa. que comentou ali em cima.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Então, ao que parece o cérebro armazena mais fielmente os nossos próprios pensamentos e vai deixando de lado tudo o que sentimos e percebemos. Os sentimentos passam rapidamente, as imagens duram um pouco mais e, por último, sobram as racionalizações sobre as experiências. E nas nossas vidas a gente dá tanto valor aos sentimentos, sabendo que eles vão embora quase voando...

      Excluir
  4. Estava olhando postagens antigas do meu blog e pensando sobre como algo pode, num momento, nos afetar tanto, pra depois você ter que se esforçar pra descobrir de quem você estava falando. Lendo seu texto, me ocorreu que esse é o caminho natural - memórias e sentimentos passados esmaecem, viram pálidos reflexos do que foram outrora. Depois de um tempo, o que fica é tão pouco... E não consigo achar que isso seja algo necessariamente ruim.

    ResponderExcluir
  5. Tenhos alguns sentimentos insistentes. Socorro.

    ResponderExcluir