quinta-feira, 26 de abril de 2012

Fale mais alto e bem devagar


Devido a uma quantidade absurda de infecções no ouvido que tive no passado (uma delas no tão próximo ano passado), eu tenho uma perda auditiva que o otorrino gentilmente descreveu como "audição de um senhor de 50 anos". Enfim, sou meio surdo.

Problema maior em não ouvir bem é quando alguém fala algo que seria uma demonstração de cuidado, preocupação e proteção e você entende que foi uma tentativa de fazê-lo se sentir culpado.

heim?
Péssimo ser uma pessoa péssima simplesmente por ser meio surdo. Vontade de enfiar a cara num buraco no chão e pedir para todas as divindades conhecidas que chegue logo 2013 e a pessoa esqueça dos impropérios que você disse a ela. Mas né? Isso não acontecerá e você terá que apenas imaginar que está tudo bem. 

Próxima vez, fale com o rosto virado para mim, eu leio lábios. Eu acho.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Estou: mendigando seu amor

to feliz. to triste. to feliz. to triste.
Esses dias me inscrevi para participar de uma pesquisa da Harvard University sobre felicidade. É muito legal, eles mandam perguntas algumas vezes ao dia pelo celular ou por email para você responder e após 50 tomadas eles analisam quais os fatores que te deixam mais feliz. Após cada questionário é enviada uma prévia. Adivinha? Quanto mais sozinho e quanto menos eu converso ou interajo com pessoas, mais infeliz eu fico. O interessante é eu precisar me inscrever em uma pesquisa para descobrir isso. Juliano, você é patético.

Alguns dias antes eu já havia tido um surto de tristeza barra solidão e tive uma série de pequenas epifanias sobre o assunto. Anotei num bloco de notas para virar uma postagem aqui no Escritos, me senti tão old school com isso, foi legal *ryzos*

Enfim, unindo o que eu já sabia sobre mim e o que as prévias da pesquisa começaram a apontar, eu cheguei à conclusão de que tenho um profundo medo da solidão. Mas o que, exatamente, me apavora na solidão?

1- Medo que as pessoas não saibam que eu gosto de estar com elas. Sim, muitas vezes as pessoas não são más e egoístas e não se importam com o que eu sinto; às vezes elas só não sabem que eu gosto delas e de estar com elas.

2- Medo de ser esquecido. Aí sim, o egoísmo dos outros me amedronta: tenho medo que as pessoas tenham vidas super-hiper-triper-mega-ultra divertidas e coloridas e se esquecem de mim, me relegando a uma vida cinzenta e chata e preenchida por louças e roupas a lavar.

Parêntesis para um sentimento interveniente: a inveja. Tenho profunda inveja de pessoas que se divertem e não me chamam para fazer parte.

3- Medo de morrer sozinho. Tá, eu sei que isso já é demais e que tenho muito tempo para pensar nisso (eu acho). Mas sim, tenho medo de não ter ninguém para infernizar nos meus últimos momentos, ninguém que vá ficar aterrorizado depois da minha morte, lembrando da minha agonia. E, para garantir que alguém me ame o suficiente para se dispor a isso, preciso cultivar amizades e amores agora.


VOCÊ ME AMA? VOCÊ ME AMA MUITO? POR QUE VOCÊ NÃO ME AMA?

Finalizando este texto, incluo aqui uma auto-publicidade: gente, eu sou um cara legal e divertido. ME CHAMEM PARA FAZER PARTE DAS SUAS VIDAS. Obrigado.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Escritos Não Enviados

Caro Marcelo:
Eu gostava muito de conversar contigo sobre as amenidades do dia a dia, você era inteligente e sensível. Tentei te encontrar depois que passou o tumulto em casa sobre minha vida afetiva/sexual, mas perdi seu rastro. Espero algum dia ainda encontrar a foto que você me mandou, usando pantufas de monstro e segurando seu basset hound. Às vezes acho que eu poderia ter me apaixonado perdidamente por você.

Caro Marcus:
Você mentiu para mim, mas tudo bem, eu menti para você também. Sua importância na minha vida, entretanto, é clara: depois de te conhecer, tive coragem de parar de fingir ser o que não sou. Contraditório, não?

Caro Ânder:
Aprendi com você que as pessoas são capazes de falar qualquer coisa para levar alguém para cama. Lição valiosíssima, com recurso audiovisual: aprendi isso VENDO você falar para outro o que falava para mim. Você sabia mesmo como fazer alguém se sentir único e fazia isso com todo mundo.

Caro Gê:
Um ano indo na sua casa somente para sexo. Às vezes penso que isso era mais maduro do que todos os relacionamentos que tive, antes e depois.

Caro Clayton:
Eu tinha só 20 anos e nada na cabeça e você já tinha 36 e muitas coisas na cabeça. Chifres, inclusive. Desculpe-me. Eu queria ver o mundo e você queria se assentar no mundo, objetivos incompatíveis demais.

Caro Sr. Estadunidense:
Você é surpreendentemente muito parecido com meu irmão, física e emocionalmente. Sorte nossa que não deu certo, não lido bem com incesto.

Caro Homem Bom:
Foi graças à você que aprendi a arriscar na vida. E a me mexer para sair da minha zona de conforto. Obrigado e me desculpe pela pequena vingança que cometi, anos depois de terminarmos. Mas você mereceu.

Caro Loirinho:
Você foi, de longe, o melhor namorado. Em quase todos os aspectos. Ainda me sindo absurdamente mal por ter, sem muitos motivos, terminado contigo. Espero que o perdão que você me dispensou, no reveillon 2009/2010, seja sincero, eu preciso disso para me perdoar também.

Caro Cabeção:
Desculpe-me por não conseguir ser teu amigo depois de terminarmos. Quer saber? Não precisa me desculpar não, muitas outras pessoas concordam que você não é lá grandes coisas como amigo também, assim como não foi enquanto namorado. Mas você tentava, pelo menos. Continue tentando. Ah, e pare de me mandar emails religiosos (se bem que eles caem na caixa de spam mesmo).

Caro Loirão:
Meu desejo sincero é que você sofra. E pelo amor de Santo Aurélio Buarque de Hollanda: APRENDA A FALAR CERTO.



segunda-feira, 16 de abril de 2012

Experiência antropossádica com um vegetariano


Foi uma super maldade o que eu fiz com um mocinho vegetariano numa vernissage que eu fui.

Mocinho: (olhando meu prato cheio de salame) tadinho do porquinho, mataram ele vivo!
Eu: (sem saber que ele é vegetariano e achando que era só uma tosca piada estilo pavê-ou-pacomê) é, geralmente tem que estar vivo para matar e fazer salame.
Mocinho: (sai horrorizado com a minha insensibilidade).


Depois eu vi o mocinho infernizando outras pessoas, perguntando se aquilo na bandeja era bolinha de queijo ou de frango com requeijão. Triste vida dos vegetarianos nesse país.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Murmúrios do Sena

Ela entrou na sala de atendimento. Uma senhora acima dos 40 anos, ainda jovial e sem toda a pompa que mulheres da sua idade muitas vezes insistem em ostentar. Foram 50 ou 55 minutos de conversa, com a mulher expondo seus sofrimentos, típicos da meia idade: uma vida toda dedicada à família, a sua e as dos outros, em casa ou nas igrejas que frequentou ou nos empregos que teve, para que ninguém lhe dê o valor que julgava ter. Como se o mundo fosse composto por ingratos e por pessoas que se aproveitam da dedicação e da bondade dos outros.

Nesse momento, toca uma música no aparelho de som: um noturno de Chopin, talvez o mais conhecido deles, o nº 2 do opus 9, apelidado postumamente de "Murmúrios do Sena". Muitos filmes e novelas já utilizaram essa obra, muito lírica e carregada de sentimentos; em uma novela, a personagem lança na Baía da Guanabara o piano, no qual costumava executar o noturno, sepultando no mar uma vida de sentimentos chopinianos.

Inevitável que o terapeuta relacione a música ao drama da sua atendida. E ao seu drama. É inexplicável isso, mas é como se o seu próprio sentimento de tristeza e vazio não tivesse importância, só o da jovem senhora à sua frente. Mas, mesmo não sofrendo seu sofrimento, ele lembra que o danado do sentimento existe.

Os sentimentos passam, não ficam armazenados em algum lugar obscuro do cérebro humano, fato. Mas eles voltam, eles teimam em voltar. Se não na sua forma original, pelo menos na forma de lembrança, a incômoda lembrança de que algo mais ou menos conhecido não vai bem. É fácil abafar os sentimentos, muito fácil.

Só, talvez, não seja saudável. Nem sensato.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Sobre conversas por telefone


Irmão:  olha, honestamente eu prefiro isso a qq outro meio
pour ceux qui sont proches
 eu: eu gosto de mensagem
dá pra editar
Irmão:  bom mesmo era se tudo na vida fosse editável
bom mesmo era dar ctrl-z nalgumas coisas da vida real
Irmão:  "deseja salvar alterações?" NÂO
 eu:  naa... tem coisa que a gente precisa cagar pra aprender a editar depois
Irmão:  tem coisas que a gente precisa salvar, para não contar para ninguem, porque estão todos ocupados cada um contando suas coisas
 eu:  vdd

♥ Filosofias neo-posmodernas de vida com meu irmão 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Retenção / Expulsão

Não sei qual é o problema em refazer planos. Digo, não sei qual é o MEU problema em refazer planos.

Remarquei minhas férias, reduzi de 30 para 20 dias para este ano e deixei 10 dias para tirar em outra época. Doeu, sabe?

Porque nesses 30 dias, originalmente, eu viajaria pra um lugar que eu adoro. Tá, agora vou pra casa da minha mãe nesses 20 dias e isso é legal, família, saudade etc.

Nem é pelo adiamento dos planos de viagem nem nada. É só o apego aos planos.

E isso porque EU SEI que planos podem e devem ser revistos, readequados, não são contratos imutáveis nem nada, pelo amor do senhor shiva. Devo ter problemas na fase anal e não consigo me livrar das minhas produções, igual menino que precisa do ritual de se despedir do cocô antes de dar a descarga.

R.I.P. cocozinho
E olha que nem psicanalista eu sou, vejam vocês eu apelando pro blablabla velho gagá e tarado Freud.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Vou mudar o nome do meu blog

Vai ser "Sonhos estúpidos do Juliano".

Sério, tenho me assustado demais com a qualidade dos sonhos que tenho. Com a quantidade nem tanto, porque eu já sabia que isso era efeito colateral de uma medicação que tenho tomado. Mas olha, nem se eu estivesse usando LSD eu teria sonhos como os de hoje.

Então tá, eu estava correndo em um parque que poderia ser o Parque do Ingá, na cidade que morei antes daqui. Aí, sem mais explicações, eu não estou mais correndo e na verdade estou levando meu animal de estimação passear que, por acaso, é um dromedário.

Isso, um dromedário. Aquele camelo com uma corcova só e com nome guei.

Não bastasse eu estar passeando de boas no parque com meu dromedário, encontro uma prima minha que mora há muitos anos em Fortaleza e está voltando esse mês para o Paraná. Aí ela me pergunta:

- Ju, o que você fez com o Gaspar?

(Gaspar: nome do pudel branco standard que minha tia, mãe dessa prima, me deu quando eu tinha sabe quanto? Dez anos)

- Ai, Lou, nem lembro mais... acho que vendi ou morreu ou CRESCEU E VIROU UM DROMEDÁRIO.

- Ah, legal. Um cheiro, primo!

pudel standard

dromedário. igualzinho não é, gente?














Sabe o que é sentir medo da minha própria mente. Então.