quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ele chegou, fez o pedido: um combinado de sushis e sashimis e uma água com gás. Pensou na vida por 20 minutos, o tempo de prepararem a refeição.

"Itadakimasu", partiu os hashis. Molhou com calma cada peça em shoyu e comeu, sentindo o sabor familiar de arroz, peixes e algas. O sabor se misturou com lembranças. Para ele, era como se as últimas décadas fossem uma brincadeira. Aquela parecia a última refeição dessa fase despreocupada de sua vida. Tudo estava por mudar e aquela noite era como um ritual de passagem.

Durou ao todo 15 minutos. Concluiu o jantar, pousou os hashis na borda do prato de melamina imitando madeira laqueada, "gochisosama".

E olhou para aqueles dois comprimidos. Como em Matrix, quando Neo escolhe o vermelho ou o azul. Mas ele não tinha escolha, teria que ser os dois, ao mesmo tempo.

A escolha já havia sido feita. Ele escolheu viver.

3 comentários:

  1. Acho tudo isso muito simbólico, muito adequado e bastante metódico - especialmente no que diz respeito à tensão que se infere de tudo isso, contida tanto por um breve espaço de tempo quanto pela aparencia de calma e normalidade.
    Cumprir um ritual quando o caos surge é um belo modo de tentar reestabelecer a ordem, considerar prioridades, pesar prós e contras, tomar decisões.
    E escolher lutar sempre me parece melhor que desistir.

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  2. muito pedante ficar agradecendo em japones e tals.

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  3. "Ele escolheu viver.."²

    E ter os melhores dias da vida dele, tbm é a única opção!

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